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90% dos brasileiros que são internados em UTI conseguem ter alta; entenda

Levantamento realizado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) mostra disparidades entre atendimento público e privado.

No Brasil, 9 a cada 10 pacientes conseguem se recuperar e receber alta após passar por uma unidade de terapia intensiva (UTI), de acordo com levantamento feito pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) divulgado nesta quinta-feira (1). Os dados também mostram que a taxa de mortalidade nos hospitais públicos é de 27%, enquanto em redes privadas é de 11%.

Um dos motivos para tal cenário é a disparidade entre ambos os atendimentos quando se trata de atenção primária (como consultas e exames de rotina), segundo Ederlon Rezende, coordenador do projeto UTIs Brasileiras da AMIB.

Ele aponta a falta de cuidados iniciais na rede pública faz com que os indivíduos sejam encaminhados posteriormente para o tratamento intensivo com os piores quadros.

— A atenção primária impacta muito na necessidade da atenção terciária, que é a terapia intensiva. Muitos pacientes entram na UTI já com três ou mais comorbidades de uma vez por conta disso. Por outro lado, os particulares ficam com os casos menos graves — analisa.

Quanto às regiões, o Nordeste e o Sudeste possuem as maiores taxas de mortalidade nas UTIs, com 24,53% e 23,18%, respectivamente. Seguidos pelo Norte (20,45%), Centro-Oeste (15,22%) e Sul (14,75%). Como um todo, o país tem a taxa de 16,29%.

Principais categorias de diagnóstico que levam às UTIs

Ainda, conforme o relatório, as doenças que mais causam internações clínicas nas UTIs são infecção por sepse (30,79%), problemas cardiovasculares (26,68%), neurológicos/psiquiátrico (12,81%), respiratório (6,4%) e gastrointestinal (4,58%).

A predominância da sepse — uma resposta do organismo à uma infecção, que pode ser de origem bacteriana, viral ou fúngica — é motivo de preocupação entre os especialistas de longa data.

— A sepse não recebe a mesma atenção que as doenças cardiovasculares, por exemplo. O que nós vemos são pessoas que chegam na UTI, sobrevivem ao infarto ou ao AVC, mas morrem de sepse. Existem ainda poucos cuidados para fazer essa prevenção. Além disso, ela não recebe uma atenção adequada, seja pela própria área da saúde ou pela sociedade — destaca Patrícia Mello, presidente da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).

Já as internações eletivas, sem caráter de urgência e programadas, tem como perfil: cirurgias ortopédicas (14,73%), procedimentos invasivos cardíacos e endovasculares (10,18%), neurocirurgias (9,06%), procedimentos/cirurgias endovasculares (8,36%) e cirurgias cardíacas exceto cardiopatias congênitas (8,36%).